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DICA DO DIA

Escrevendo uma novela romântica

Escrevendo uma novela romântica
Por mais importantes que sejam a sensibilidade e criatividade do autor, elas não produzirão fruto algum se não houver aplicação e trabalho. Muito trabalho. É preciso ser disciplinado, ter organização e conhecer o ofício de escrever. E escrever bem é muito mais que respeitar regras ortográficas, de modo que o corretor ortográfico do editor de texto é um instrumento auxiliar que não te levará efetivamente a lugar algum.
Escrever bem exige estudo constante. E Escribe Romántica tem se caracterizado por auxiliar os escritores em seu estudo do ofício com artigos relevantes e escritos de forma direta e prática. Vou ser sincera, tenho muitos deles linkados diretamente em meu desktop para consulta nos momentos em que estou escrevendo. E faço isso com grande frequência. Por essa razão, me propus a traduzir alguns deles. Quero que todos os escritores de língua portuguesa tenham em mãos essas ferramentas maravilhosas para escrever livros cada vez melhores e, por consequência, terem muito sucesso.
Começarei com "Passos para escrever uma novela romântica", uma série de artigos básicos que abarcam as diversas fases do processo de escrita, desde a ideia até a revisão.
Por Lilly Cantara
Nesta série de artigos tentarei descrever cada um dos passos do processo criativo de uma novela romântica, desde como provocar e organizar as ideias até as diversas fases de escrita e métodos de revisão.
As ideias

Ignorar uma ideia é como abrir um pacote de sementes de flores e jogá-las fora porque não são belas o suficiente. Arthur VanGundy
As ideias que geram histórias são diferentes das ideias práticas para resolver problemas. Uma ideia semente é aquela que tem em si o potencial de gerar uma história de ficção. Para que uma ideia semente germine, deve-se plantá-la em terreno fértil e deixá-la em paz para que complete seu ciclo de incubação.
A ideia para criar uma história sempre será o resultado de um processo. Aqueles que são ansiosos sempre tem problemas com essa fase do processo criativo que eu gosto de chamar "incubação da ideia".
No meu caso, por exemplo, me custa muito esperar que uma ideia se expanda naturalmente. Meu primeiro impulso sempre é começar a planejar a trama da história, não importa se tenho somente um personagem e uma ideia levemente geral do que poderia chegar a acontecer com ele.
Com o tempo e a prática aprendi a respeitar o tempo da minha imaginação. Uma ideia (ou um conjunto de ideias relacionadas) deve se expandir livremente até certo ponto antes que se possa pegá-las e organizá-las logicamente em um planejamento.
Estou bastante acostumada a receber consultas sobre aspectos da criatividade. Uma das perguntas que nunca deixam de surgir nas conversas é: como fazer para que cheguem as ideias ou, o contrário, qual é o caminho para chegar às grandes ideias?
Aprendi uma coisa com um grande mestre, e isso foi fundamental na minha vida como leitora profissional e escritora, que é o seguinte conceito:
Para ter ideias antes é preciso cultivar a vontade de ter ideias.
Com a vontade de ter ideias você pode selecionar qual o material que irá ao subconsciente para que este se coloque a trabalhar imediatamente. E de que maneira trabalha nosso subconsciente? Imagine uma coqueteleira que mistura e relaciona imagens e estímulos de diversas maneiras, e cujo resultado é uma bebida com um sabor que antes não existia.
O mundo está cheio de estímulos. Nossa vida cotidiana nos brinda centenas de oportunidades para exercitar a criatividade e gerar novas histórias. Mas se não exercitamos conscientemente a vontade de captar esses estímulos para transformá-los em algo novo, se não entramos num estado de ânimo criativo, a maior parte das oportunidades nos passarão desapercebidas.
A imaginação é uma habilidade que se deve exercitar constantemente. Se você é leitora, já possui uma grande vantagem sobre aqueles que não o são e que pode explorar na hora de captar novos estímulos e gerar ideias.
Entretanto, para entrar nesse estado de ânimo criativo que faz florescer as histórias é preciso fazer um esforço adicional. Se você já tem o hábito de ler livros e a capacidade excepcional de desfrutar e emocionar-se com histórias e personagens de ficção, por que não tentar levar essa capacidade um passo adiante e ler o mundo da mesma maneira que se lê um livro?
Comece a observar a realidade que a rodeia com olhos de leitora e terá uma grande surpresa. Tente expandir seus interesses a todos os campos da vida, não ponha limites à sua curiosidade. Intrometa-se onde não foi chamada e exercite diariamente a sua capacidade de surpreender-se.
Minha ferramente preferida para entrar no estado de ânimo criativo é fazer perguntas. Cada vez que algo chama a minha atenção, por mais trivial que possa parecer à primeira vista, me detenho um minuto para fazer-me certas perguntas.
As perguntas que você pode fazer são ilimitadas e cada um terá as suas, mas eu particularmente obtive os melhores resultados com as seguintes:

Por quê?
Quem ou o quê?
E se...?
O que aconteceria então?
Por exemplo: ontem, terça, fui à praia logo cedo pela manhã. Meu filho se levanta antes das sete, e às oito já está tão aborrecido que não quer fazer outra coisa que ir à praia.
Geralmente as pessoas não vão à praia antes das nove, de modo que ela estava quase deserta. Enquanto tomava o café da manhã avistei um carro que se aproximava pela beira do mar. Vinha muito devagar, deixando marcas profundas na areia molhada, e tinha uma mulher ao volante.
Chamou-me a atenção que se atrevesse a vir pela beira do mar com esse carro. Não era um jipe, era um carro comum. Passou em frente a nós e seguiu o caminho até perder-se na distância.
Então fiquei pensando na cena que acabava de ver e apliquei a primeira das perguntas:
Por que estava essa mulher dirigindo no meio da praia em uma terça a essa hora?
O primeiro que me ocorreu foi que poderia estar fugindo de alguém. Ou talvez poderia estar procurando algo que perdera à noite.
Agora, poderíamos pegar a resposta que foi dada e por sua vez transformá-la em uma pergunta: Poderia a mulher estar fugindo de alguém? Se eu repondo afirmativamente, posso continuar com o processo voltando a perguntar:
Por que precisa fugir?
Porque alguém decidiu persegui-la.
Ou porque ela acabou de fazer algo que não devia.
Ou porque há algo nessa cidade que a sufoca e impulsiona a mudar de vida.
Como você vê, cada resposta tem a capacidade de gerar mais perguntas que, por sua vez, são ideias potencias de novas histórias.
Vamos seguir em frente coma as perguntas restantes:
Quem é a mulher?
Depois de pensar por um momento, ocorreu-me que aquela mulher poderia ser a ex-mulher ou a amante do salva-vidas do balneário. Isso poderia explicar que estivesse percorrendo a praia com seu veículo.
Em poucos minutos já encontramos um personagem e sua motivação imediata. Qual o passo seguinte? Ampliar e projetar a situação com as seguintes perguntas:
Que tal se precisasse encontrar ao salva-vidas para salvar a vida de seu ex-marido ou amante?
Talvez precisasse dar-lhe o aviso de que sua vida corre perigo antes de ir embora da cidade definitivamente. Ou talvez sua ideia tenha sido desde o começo levá-lo consigo para longe dali.
Muito bem, vamos supor que aceitamos essa última opção...
O que aconteceria então?
Daqui para frente, só precisaria projetar a linha que tracei e seguir essa direção até o próximo ponto.
Tenho a ideia de que poderia dar um giro de ironia dramática e que, depois de percorrer um bom trecho com seu carro, a mulher finalmente encontre seu ex-marido coberto pela espuma da marola, inconsciente, talvez afogado.
Estes elementos, gerados graças ao poder de umas poucas perguntas precisas, poderiam constituir o disparados de uma história romântica de suspense.
Imagine as histórias que lhe esperam detrás das circunstâncias mais triviais da vida cotidiana. Saia para dar um passeio pelos arredores da sua casa e experimente exercitar estas perguntas sobre algumas cenas ou imagens que chamem a sua atenção.
Quem sabe ali na esquina você encontre a história que está procurando há tanto tempo.
Onde não é recomendável procurar uma história de amor...
A sua experiência pessoal e intimidade, por mais tentadoras que possam parecer à primeira vista, não são uma fonte confiável de ideias. A sua experiência amorosa é importante demais para você para que a submeta às manipulações da ficção.
Sempre estamos perto demais da experiência vivida e nossas emoções estão expostas demais para nos permitir fazer dela uma história objetivamente interessante. Ao contrário do que se costuma pensar, usar anedotas da própria vida não torna a escrita mais fácil, nem sequer a torna mais autêntica. Para escrever uma boa história, você precisa de uma certa distância para apreciar os pontos dramáticos e ser capaz de especular friamente sobre ela.
Por outro lado, a história de amor dos seus avós ou de alguma tia distante, que costuma-se contar vez ou outra nas reuniões familiares, poderia sim tornar-se um material interessante para trabalhar em uma novela. Por quê? Porque é uma história que circula, que se conta e volta-se a contar, que está enriquecida por mais de uma voz e da qual você tem a distância o suficiente para analisar objetivamente suas partes e transformá-la ao seu bel-prazer. Esta é a maneira mais eficaz de apropriar-se de uma história real.
Claro que isto não significa que a história que você conte não será profundamente pessoal nem reflita algumas das suas ideias e sentimentos mais profundos. Na verdade, qualquer história que você conte passará inevitavelmente pelo filtro dos seus interesses e emoções. A diferença consiste em que, deste modo, suas emoções entram em jogo somente de forma indireta, dando-lhe a liberdade plena de escrever exclusivamente sob as ordens da sua imaginação.
Traduzido por Cristina Pereyra
Esta é uma fórmula extremamente simples e muito eficaz de gerar ideias que podem se transformar em uma novela romântica. Talvez na primeira leitura pareça complicado, trabalhoso e até mesmo um pouco difícil de entender. Mas na prática se revela exatamente o contrário. Experimente.
Esse artigo ajudou-me muito a organizar várias ideias que eu tinha anotadas e que não iam para frente como uma história. Eram ideias que quando me ocorreram, pareciam ser uma história genial. Porém não avançavam mais que algumas linhas ou parágrafos e terminavam esquecidas em algum canto do computador ou no fundo de uma gaveta. Depois de ler esse artigo, voltei a elas e comecei a explorá-las com as perguntas. O resultado foi fantástico.
Algo que eu gosto de fazer é escolher uma fotografia no jornal que tenha me chamado a atenção e explorá-la com essas perguntas. Claro que nem todas se transformam em uma história, mas a maioria delas, sim. Nem sempre em um livro, mas me são muito válidas como exercício.
Escribe Romántica possui dezenas de artigos tão úteis quanto este, explore atentamente e descubra um mundo de possibilidades para melhorar a sua escrita e resolver os problemas que você encontra durante o processo. Tenho certeza de que eles lhe ajudarão tanto quanto me ajudaram - e continuam ajudando. Pouco a pouco irei traduzindo-os para o português.
Dúvidas, sugestões e perguntas, deixe nos comentários. Estaremos procurando lhe atender e ajudá-lo a conquistar seu espaço no mercado literário.




Cristina Pereyra
Escritora
Brasil
www.cristinapereyra.com





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