07
O velho até que não era
pesado. E apesar de toda a confusão, estávamos apenas com 15 minutos de atraso.
O telefone tocou. Atendi.
- Alô – eu disse.
- Tudo em ordem? –
Bernardo perguntou.
- Tivemos um pequeno
imprevisto.
- O que foi? O que os
vagabundos aprontaram?
- Não teve nada a ver com
os pedreiros. Foi outra coisa.
- Se estes vagabundos
aprontarem alguma coisa me avisa. Que eu dou um pulo ai.
- Ok! Eu disse, e
desliguei.
Continuamos empurrando o
carrinho. Na verdade os dois sujeitos empurravam, eu apenas caminhava ao lado,
enquanto os dois homens desprendiam toda a energia. Bernardo não iria acreditar
na historia mesmo. Nem eu conseguia entender o que tinha acontecido. O caminho do corredor era revestido de
paralelepípedos irregulares, algumas pedras estavam salientes, e quando a
rodinha do carrinho batia, trancava o carrinho de forma violenta e o caixão
quase voava para frente.
- Vamos com mais calma –
eu disse -, não queremos que o morte chegue primeiro.
- Não se preocupe senhor.
Estamos acostumados.
- Eu sei, mas vamos com
calma.
Foi uma cerimônia rápida.
Chegamos ao local, o padre falou algumas palavras, elogiou o morto, a viúva, os
parentes, amigos e falou algo a respeito da missa no domingo. Todos estavam
emocionados.
Os amigos pegaram nas
alças e tiramos o caixão do carrinho e colocamos na abertura. Parecia que
estávamos alimentando um forno com aquele caixão. Colocamos o lado da cabeça
apoiada na entrada, e empurramos tudo para dentro. Assim que o caixão terminou
de sumir. As pessoas começaram a se despedir e foram saindo. A viúva foi a
ultima a ir embora, amparada por uns parentes que eu não conhecia. Fiquei
observando e fumando um cigarro. Notei que o sujeito misterioso, já tinha ido
embora.
No final fiquei apenas eu e os dois pedreiros.
Olhando enquanto eles fechavam o buraco com tijolos e cimento. É assim que tudo
termina. Não parece ser grande coisa agora – pensei.
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