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Depois do café, decidi ir
ao cemitério. Peguei o carro e fui dirigindo até o local. Já estava na hora do
almoço e o estacionamento estava vazio. Abri o porta-luvas e retirei o isqueiro
e a carteira de cigarros. Fiquei sentado dentro do carro, fumando um cigarro e
esperando alguém aparecer. Não sei quanto tempo fiquei ali esperando. Até que
um carro entrou pelo portão principal e se aproximou. Os dois homens desceram
do carro, e se dirigiram para o lado das capelas.
Desci do meu carro, e
caminhei na direção deles.
- Ei! Só um minuto!
Gritei.
Os dois homens pararam, e
se viraram para trás.
- Bom dia – eu disse -,
tudo bom!
- Bom dia! Um deles
disse.
- Preciso falar com
vocês.
- Você é o cara daquele
enterro, que tivemos que carregar o caixão no carrinho. O que você quer?
- Preciso apenas de umas
informações.
- Se eu poder ajudar – um
deles disse -, o que quer saber?
- Foguinho – o outro
disse -, vou te deixar com o teu amigo e continuar o serviço.
- Não se preocupe. Vai
ser rápido. Eu disse, enquanto um dos sujeitos continuou andando.
Aproximei-me do Foguinho
e começamos a conversar a respeito do que tinha acontecido aquele dia.
- Você se lembra daquele sujeito.
Que estava ao meu lado no estacionamento, quando você foi pegar mais material.
- Já faz tanto tempo.
Deixa-me pensar um pouco.
- Um sujeito bem vestido
de terno e sapatos que brilhavam tanto que pareciam de espelho.
- Lembro, sim. Um sujeito
com pinta de milionário.
- Isso.
- O que tem ele?
- Você o conhece?
- Não.
- Mas você já tinha visto
ele antes. Sabe alguma coisa.
- Nunca tinha visto até
aquele dia. Nem imagino quem possa ser. Mas ele não daqui da região.
- E como sabe?
- A cidade é pequena todo
mundo se conhece. E outro um sujeito com aquele estilo. Parece ser mais da
capital. Ele parecia ser muito metido.
- Certo. E como anda o
serviço?
- Tudo tranquilo. Estamos
apenas fazendo manutenção. Lembrei-me de algo.
- Do que?
- Agora pensando, me lembrei
de que ele voltou no outro dia. É isso mesmo. Ele estava aqui no cemitério, um
dia depois do enterro. Encontrei-o caminhando pelos corredores.
- E o que ele estava
fazendo?
- Apenas caminhava. E
quando perguntei se ele precisava de alguma coisa. Foi estranho.
- Por quê?
- Ele falou apenas que
estava esperando um amigo. Mas não tinha nenhum enterro naquele dia. E que tipo
de pessoa marca um encontro no cemitério. Mas depois que conversei, eu não o vi
mais. Sumiu.
- Tem certeza que nunca o
viu na cidade?
- É claro. Não da para
esquecer um sujeito daqueles.
Com quem ele tinha ido se
encontrar no outro dia? E porque desapareceu? Se ele queria me entregar o
testamento. O pedreiro não tinha motivos para mentir. Ou tinha? A história
ficava cada vez mais confusa. A única certeza é que algo muito estranho estava
acontecendo. E aquilo tudo podia ser apenas a ponta de um iceberg.
- Obrigado amigo – eu
disse -, não vou lhe atrapalhar mais.
- Ok, se precisar de mais
alguma coisa sabe onde me encontrar.
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