Arranco as folhas do calendário
da parede descascada e antiga
como quem arranca a casca
para se chegar ao cerne
e descobrir outra casca
estações são como velhas lembranças
que nunca passam
que sempre estão jogadas
no futuro
o outono chegou
com suas folhas mortas
a natureza se renova
“enterremos os mortos”
um grita
“o dia foi puxado”
outro completa
puxo o cobertor até quase tapar meus olhos
uma brisa entra pela janela
o abajur projeta sombras no teto
sei que é outono
sinto a melancolia crescendo.
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