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DICA DO DIA

NUMA MADRUGADA ENTRE A REPUBLICA E A LIMA E SILVA


NUMA MADRUGADA ENTRE A REPUBLICA E A LIMA E SILVA
Saí da casa da Flavia e como um bom garoto fui direto para casa. O problema é que não sou um bom garoto. Voltei para minha garrafa de vodca e fiquei escutando música e tentando escrever uns poemas. Tentando tirar o foco da noite, mas a noite gritando nos meus ouvindo e exigindo minha presença. Cansei depois de umas três doses e desisti dos poemas.
Gostei de escrever esse troço “a noite gritando nos meus ouvindo e exigindo minha presença”, a noite nem percebe a minha existência e isso é uma realidade muito confortante, você poder andar desapercebido, mesmo que seja pela noite.
Naquela esquina do lado de fora daquele bar morto, que tem por símbolo um pinguim, fiquei olhando o que estava acontecendo. Nada muito interessante, apenas uma repetição do mesmo script, trocando alguns atores, mas a mesma história.  Junte alguns animais de sexo diferente, lhes de álcool e tens uma festa.
Um americano na minha frente pulando feito um macaco e fazendo piadas sem graça, na minha opinião, a opinião de alguém que não entende nem uma palavra em inglês, mas as três garotas que estavam com ele pareciam se divertir. Porque eu não posso ser um maldito brasileiro em Nova York, pulando feito um macaco e com três peitudas americanas, rindo das minhas piadas sem graça em português.
Tentei conversar um assunto sério com o totem do pinguim, mas ele já estava cansado de ouvir tanta bobagem, noite após noite e sua vida eterna e esnobe, cheia de virtudes. Aquele pinguim tem uma pose muito esnobe.  Um dia ainda vou introduzir no cu dele alguns cupins e aí eu quero ver ele manter aquela pose.
Não estava acontecendo nada, dai ela surgiu daquela turba, com seu olhar chapado. Foi tesão ao primeiro olhar. Lhe falei de sua boca, que queria beijar. No geral foi todo o contexto, vi a possibilidade de uma noite atrativa e cheia de prazer.
Ficamos ali bebendo naquele bar de mortos e famílias bem-comportadas, o que dá no mesmo. A luz me incomodando. Sou um ser da penumbra, a não ser quando estou transando, gosto de ver tudo nos mínimos detalhes.
- Você não acha muito chato aqui? Perguntei.
- Também não gosto daqui. Ela disse.
Tínhamos começado a achar nossos pontos em comum além de nossos lábios grudados. Ela contou sua história e eu inventei a minha.
- Vamos sair daqui? Perguntei.
Ela olhou seu relógio.
- Para onde? Ela disse.
- Eu não sei.
- Acho que o Van Gogh ainda está aberto.
O garçom trouxe outra cerveja. Bebemos e saímos para ver se o Van Gogh ainda estava aberto.

O sujeito do caixa parecia ser um vendedor de ingresso em algum trem fantasma, aquilo parecia como num parque de diversões de horrores ou uma última estação antes de chegar no inferno. Preciso voltar mais vezes lá. Gostei da atmosfera.
Bebemos mais algumas cervejas e ela foi direta.
- Você é sempre muito sério?
- Não, só estou observando o que está acontecendo na volta.
Bebemos mais e fumamos mais.
Pense na sorte de um cretino que fuma encontrar uma mulher que fuma, nos dias de hoje, aonde são todos tão politicamente corretos. E com aqueles olhos chapados. Eu estava realmente feliz. Os deuses estavam sendo justos.
- Quer ir lá para casa? ela perguntou.
- Sim. Respondi.
Tratamos de terminar a cerveja e fumar mais alguns cigarros. Enquanto um garoto em camiseta de mangas curtas reclama que está frio. Para mim estava muito quente a noite.
O carro veio e partimos para sua casa. Tiramos a roupa com a intimidade de quem já tinha feito aquilo muitas vezes e sem problema nenhum. Ela realmente tinha tudo aquilo que eu esperava que ela tivesse, começamos a nos amar. Mas ela percebeu que os deuses me agraciaram em algumas virtudes, ela olhou para a sua caixinha de camisinhas e disse:
- Acho que essas não servem.
- Não sei porque eles fazem esses troços tão pequenos.
- Mas espere. Ela disse, e correu para pegar sua reserva de tamanhos maiores, bem maiores que a média.
Colocamos aquele troço do lado e continuamos, e continuamos por um bom tempo.
 Acho que eu e o diabo temos as mesmas coisas em comum, a mesma cara inocente e o olhar triste. E isto é o bastante para muitas mulheres com vocação para boas samaritanas. Não que ela fosse, ela estava muito além daquele papo furado. Ali estava uma mulher de verdade, sem medo ou duvidas a respeito do que queria. E aquele olhar sempre me penetrando. Lascivo e chapado, eu realmente estava amando-a além de apenas algumas atitudes corporais.
Acho que em algum momento ela deve ter dado umas três gozadas ou um pouco mais. Como ela mesmo disse. Eu apenas continuei tentando retribuir a hospitalidade. Deus é justo, ele coloca as coisas grandes no seu devido lugar. Para quem sabe usar.
Adormecemos, e no dia seguinte me acordei sem saber aonde estava. Ela foi generosa e preparou o café. Depois se livrou de mim com sutil classe. Eu segui tateando ao sol do meio-dia.
                                                                                                                                        Röhrig C.
Do livro: Cidade Baixa e suas Mulheres Altas “Um escritor na Cidade Baixa”




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