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DICA DO DIA

BORA BEBER UMA CERVEJA!


BORA BEBER UMA CERVEJA!

A paixão desenfreada e louca com a qual nos consumimos e nos arrependemos do nosso silêncio. Quando na verdade deveríamos gritar, antes de apenas sufocar com um mar de lembranças e de possíveis caminhos que nunca cruzamos. Por medo ou ignorância, ou apenas orgulho. Esse orgulho que alimenta discursos brilhantes em nossa mente, mas que não suporta deixar se quer uma palavra escorrer por nossos lábios. O silêncio que sempre a tudo vence e perde, e se cala. Essa é uma história sem um final feliz. Mas não são todas assim?
Encontrar aquele pedacinho do inferno com um rosto tão angelical e de maneiras tão puritanas. Como não se apaixonar por seu sorriso e palavras descarregadas de forma nervosa e tímida. A garota esbanjava juventude e tesão.
Uma mulher querendo apenas alguém para transar, num final de noite. Sem grandes apresentações apenas um pouco de ação para espantar o frio de relacionamentos frios. Num domingo qualquer e que podia ser em qualquer lugar do mundo, mas estávamos na cidade baixa, em Porto Alegre. E mesmo que um maldito editor diga que não se deve colocar os personagens em um lugar fixo. Em uma cidade qualquer. Eles sempre estarão em alguma cidade qualquer.
Nossa falta de ação agradou a garçonete, que ia a cada passada trazendo mais copos transbordando de chope enquanto íamos secando aquelas três garrafas de cachaça. E os ânimos melhorando, um pouco mais de conversa até se encontrar o caminho de uma cama protegida por quatro paredes. Essa era a nossa meta, apesar de fingirmos que não era. Estávamos apenas começando as nos conhecer. E, é de praxe se fingir um pouco, pelo menos num primeiro contato.
Quando saímos a rua, cambaleando, abraçados, nos beijando em direção ao meu quarto. Tínhamos a intimidade da noite, das estrelas e dos carros que passavam pela rua com seus pneus de borracha deslizando pelo asfalto.
As estrelas tenho que confessar que foram citadas de forma poética. Conseguir andar em linha reta já parecia ser um bom plano. Nossa cumplicidade não passava do simples fato de estarmos dispostos a um encontro, não importando com quem. E os carros talvez tenha passado um.
Nunca um quarto tinha sido escolhido de forma tão exata, a menos de uma quadra do bar e com poucos degraus para subir. Não foi ao acaso que escolhi esse quarto pode ter certeza. Foi na verdade uma urgência, depois do ultimo pé na bunda que levei de uma amiga. Aonde eu morava nos últimos três anos. Num domingo ela me expulsou e na segunda-feira já estava morando nesse quarto.
Entramos no quarto, fui direto ao frigobar e peguei minha garrafa de vodca e continuamos a beber e a nos beijar e acariciar. Em algum momento que não me lembro com exatidão decidimos que poderia ser mais interessante ir para a cama.
A cada peça que ela tirava mostrando mais do seu corpo era como se cobrisse sua alma com outras duas, nunca o amor foi tão velado e escondido sobre a forma de sexo. Fiquei impressionado ao ver ela completamente nua, muito jovem e bela.
Mas voltando um pouco antes de chegarmos nesse momento.
No inicio achava que aquilo não passava de um trote, ela enviou uma mensagem pelo aplicativo de relacionamentos me convidando para tomar uma cerveja, mas quem era ela. Além de uma foto de um perfil que não conhecia. Já estava bêbado quando recebi a mensagem e precisava beber um pouco mais, foi isso que me motivou a ir ao bar. Vesti uma roupa, escovei os dentes e sai.
Enquanto caminhava para o bar e fumava meu cigarro, o único pensamento que tinha é que quando chegasse não ia ter ninguém me esperando. Talvez a foto nem fosse dela mesma, ou pior podia ser apenas uma piada de alguém querendo se divertir com a minha cara. Aceitei o risco, não pelo encontro, mas para sair e beber um pouco mais. Estava sendo tudo muito fácil, a ponto de não acreditar.
Mas ela estava lá, sentada na poltrona tomando um chope. Nos cumprimentamos, a garçonete veio e pedi o mesmo que ela estava bebendo. Foi uma conversa nervosa e agitada, cheia de vitalidade e insegurança de ambas as partes. Sempre me sinto um idiota nesses encontros, nunca sei como agir.
- Eu já frequentava aqui, - ela disse – mas faz tempo que não venho.
- Gosto desse bar, o outro que você falou não conheço. Eu disse.
- Pensei em nos encontrar lá porque sempre tem umas bandas tocando ao vivo. Eu estava afim de ir lá.
- Podemos combinar uma outro noite. Pareceu ser uma boa ideia.
- Podemos sim, que bom que veio.
- Que bom que está aqui. Eu estava achando que você não ia estar aqui.
- Porque?
- Não sei. Apenas achei.
Começamos a rir e expliquei que estava achando tudo muito fácil, e que parecia mais uma piada.
- Achei legal que aceitou o convite. Ela disse.
- Estava sem nada para fazer mesmo, domingo é uma noite meio morta.
- Sim, por isso mesmo queria encher a cara e ter alguma companhia. Você foi rápido, então deu tudo certo.
- E você foi uma surpresa para mim.
Encostadas no balcão, as duas garçonetes conversavam e davam umas olhadas discretas, mas perceptíveis. Eu imaginava o que elas deveriam estar conversando. Nas últimas três noites estive ali, sempre acompanhado por uma mulher diferente. Estava virando uma piada no bar. Chegava tímido, começava uma conversa, alguns beijos e saia para algum quarto de motel ou apartamento desconhecido. Outra noite até escutei uma conversa entre uma das garçonetes e um dos garçons a respeito de um garoto de programa. Espero que elas não achem que eu sou um velho de programa. Seria muito irônico já que não ganho nada para andar por aí pulando de cama em cama.
- Você bebe cachaça? Ela disse.
- Prefiro vodca, mas bebo sim. Eu disse.
Ela acenou para a garçonete, umas quatro ou cinco vezes até a garçonete perceber e vir no nosso canto.
- Você tem “chica”? Ela perguntou a garçonete.
- Temos algumas. A garçonete respondeu.
- Traz mais dois chopes e uma dose, de que sabor você tem?
- Preciso dar uma olhada. Faz tempo que não é abastecido o bar.
A garçonete saiu para ver, continuamos a conversa. Um minuto depois ela voltou com três garrafas, e alcançou as garrafas para a garota.
- Hoje estamos apenas com essas três, “hotelã+pimenta, maçã e canela, pimenta. Mas tem apenas duas doses de cada.
- Pode deixar as garrafas aqui na mesa e traz apenas um copo. A garota disse.
- São bonitas as garrafas. Eu disse.
- Você já bebeu essa cachaça?
- Com uma amiga, uma vez, mas não lembro mais qual foi o sabor.
- Essa de pimenta é muito boa, é com aquela pimenta biquinho, conhece?
- Sim.
- Vamos pedir para ela deixar as garrafas e vamos intercalando entre os chopes. Pode ser?
- Perfeito! Eu disse.
A garçonete trouxe o copo “martelinho”, e enchemos com a de pimenta. À medida que as garrafas iam se esvaziando e os copos de chope também, resolvi arriscar um beijo. Que foi retribuído. Continuamos até esvaziar as três garrafas, e pedimos para levar as garrafas vazias. Uma lembrança daquela noite que guardo até hoje.
Mas voltando para o quarto, estávamos ali pelados e tentando nos amar, sem muita sorte. Tínhamos bebido muito e as coisas estavam saindo fora do controle. Secamos a minha garrafa de vodca. Fizemos algumas coisas na cama e resolvemos tomar um banho. Saímos pelados do quarto para o banheiro no corredor. Correndo feito dois adolescentes.
Ela entrou primeiro no banheiro e antes que eu conseguisse entrar dei de cara com a minha vizinha do quarto em frente. Sorri para ela e por instinto coloquei as minhas mãos tapando meu pau e minhas bolas. Poderia ser algo constrangedor se não estivesse tão bêbado. Por outro lado, se ela quisesse entrar na festa, não existia nenhum problema. Estávamos apenas nos divertindo. Para que servem os vizinhos afinal de contas. Ainda mais numa noite chata de domingo. Mas fingi não ver ela e entrei no banheiro.  Continuamos a brincadeira em baixo do chuveiro. Seu corpo molhado ainda parecia ser melhor do que quando estava na minha cama. Terminamos o banho e ficamos brincando, quem iria se secar primeiro. Voltamos pelados para o quarto. A vizinha já não estava mais no corredor. Eu continuava bêbado e ela continuava bêbada, comecei a contar algumas histórias idiotas o que a deixou furiosa e ciumenta. Mas ela nem me conhecia. Então da mesma maneira que ela veio, decidiu ir embora. Vestiu sua roupa, me olhou com certa raiva e acompanhei-a até seu carro.
Caminhamos até o meio da quadra, ela demorou um pouco para abrir a porta do carro. Aquilo não parecia ser nada bom.
- Porque não fica, - eu disse – você pode dormir aqui.
- Preciso ir embora! Ela disse.
- Mas você está muito bêbada!
- Não importa, quero encontrar alguém que me coma hoje, - ela disse – merda já é tarde, não vou encontrar ninguém.
- Você não está em condições de sair por ai!
Mas ela não escutou, deu partida em seu carro e saiu cantando pneu. Acho que para uma noite de domingo até que foi bom. Sem contar que tenho três garrafas de “chica”. Ela queria ter ficado com uma, só não me lembro qual. Quem sabe um outro domingo.
                                                                                           Röhrig C.

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