Fonte - Revista Bula - POR CARLOS WILLIAN LEITE
Os chamados mandamentos literários existem desde o surgimento da escrita. Aristóteles e Shakespeare foram pródigos em ensinar, por meio de conselhos, como se tornar um grande escritor. Gustave Flaubert, James Joyce, Henry Miller e Anaïs Nin também deixaram suas versões. Compilamos uma seleção de conselhos literários (ou mandamentos literários) de nove nomes fundamentais da literatura mundial dos últimos 150 anos: Machado de Assis, Marcel Proust, Gustave Flaubert, Henry Miller, Friedrich Nietzsche, Ernest Hemingway, Juan Carlos Onetti, Gabriel García Márquez e Jorge Luis Borges. A compilação reúne excertos de textos publicados na “The Paris Review”, na “Esquire” e no “The Observer”. Os conselhos literários de Ernest Hemingway foram adaptados por ele do Star Copy Style, o manual de redação do Kansas City Star, onde Ernest Hemingway começou sua carreira jornalística em 1917.
1 — Mintam sempre. (Juan Carlos Onetti) |
2 — A primeira condição de quem escreve é não aborrecer. (Machado de Assis) |
3 — Elimine toda palavra supérflua. (Ernest Hemingway) |
4 — Para se ter talento é necessário estarmos convencidos de que o temos. (Gustave Flaubert) |
5 — Uma coisa é uma história longa e outra é uma história alongada. (Gabriel García Márquez) |
6 — Há somente uma maneira de escrever para todos, que é escrever sem pensar em ninguém. (Marcel Proust) |
7 — Antes de segurar a caneta, é preciso saber exatamente como se expressaria de viva voz o que se tem que dizer. Escrever deve ser apenas uma imitação. (Friedrich Nietzsche) |
8 — Escreva primeiro e sempre. Pintura, música, amigos, cinema, tudo isso vem depois. (Henry Miller) |
9 — Não sacrifiquem a sinceridade literária por nada. Nem a política, nem o triunfo. Escrevam sempre para esse outro, silencioso e implacável, que levamos conosco e não é possível enganar. (Juan Carlos Onetti) |
10 — Evitar as cenas domésticas nos romances policiais; as cenas dramáticas nos diálogos filosóficos. (Jorge Luis Borges) |
11 — Use frases curtas. Use parágrafos de abertura curtos. Use seu idioma de maneira vigorosa. (Ernest Hemingway) |
12 — Trabalhe de acordo com o programa, e não de acordo com o humor. Pare na hora prevista! (Henry Miller) |
13 — Não force o leitor a ler uma frase novamente para compreender seu sentido. (Gabriel García Márquez) |
14 — Uma verdade claramente compreendida não pode ser escrita com sinceridade. (Marcel Proust) |
15 — O escritor está longe de possuir todos os meios do orador. Deve, pois, inspirar-se em uma forma de discurso expressiva. O resultado escrito, de qualquer modo, aparecerá mais apagado que seu modelo. (Friedrich Nietzsche) |
16 — Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução. (Machado de Assis) |
17 — Não escrevam jamais pensando na crítica, nos amigos ou parentes, na doce noiva ou esposa. Nem sequer no leitor hipotético. (Juan Carlos Onetti) |
18 — O autor na sua obra, deve ser como Deus no universo, presente em toda a parte, mas não visível em nenhuma. (Gustave Flaubert) |
19 — Evite o uso de adjetivos, especialmente os extravagantes, como “esplêndido”, “deslumbrante”, “grandioso”, “magnífico”, “suntuoso”. (Ernest Hemingway) |
20 — Esqueça os livros que quer escrever. Pense apenas no que está escrevendo. (Henry Miller) |
21 — Se você se aborrece escrevendo, o leitor se aborrece lendo. (Gabriel García Márquez) |
22 — O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço. (Machado de Assis) |
23 — A riqueza da vida se traduz na riqueza dos gestos. É preciso aprender a considerar tudo como um gesto: a longitude e a pausa das frases, a pontuação, as respirações; também a escolha das palavras e a sucessão dos argumentos. (Friedrich Nietzsche) |
24 — Todo o talento de escrever não consiste senão na escolha das palavras. (Gustave Flaubert) |
25 — Mantenha-se humano! Veja pessoas, vá a lugares, beba, se sentir vontade. (Henry Miller) |
26 — Não se limitem a ler os livros já consagrados. Proust e Joyce foram depreciados quando mostraram o nariz. Hoje são gênios. (Juan Carlos Onetti) |
27 — O final de uma história deve ser escrito quando você ainda estiver na metade. (Gabriel García Márquez) |
28 — Evite a vaidade, a modéstia, a pederastia, a falta de pederastia, o suicídio. (Jorge Luis Borges) |
29 — O tato do bom prosador na escolha de seus meios consiste em aproximar-se da poesia até roçá-la, mas sem ultrapassar jamais o limite que a separa. (Friedrich Nietzsche) |
30 — Um livro não deve nunca parecer-se com uma conversação nem responder ao desejo de agradar ou de desagradar. (Marcel Proust) |
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