REPARTINDO O PÃO COM O DIRETOR
Aquele momento em que você para
e pensa “isso vai dar merda”. Francisco estava com este pensamento depois do último
encontro com a Rafaela.
Já fazia quatro meses que
vinha mantendo um caso com a secretaria. O segredo que ele adorava repartir com
os amigos no bar, todos ficavam admirados como ele podia ter se dado tão bem. A
garota tinha um biotipo baixinho de morena peituda e cabelo preto liso que
encostava as pontas na bunda. Bunda era o que faltava por sinal, mas os peitos
compensavam. “Um pacote de bolacha maria e aqueles peitos um sujeito poderia
atravessar a Amazônia sem sentir fome” ele se gabava para os amigos.
Mas as coisas estavam
começando a ficar sérias, um mês no atraso da menstruação da garota lhe fez
pensar em pedir transferência para outro projeto em qualquer cidade aonde a
empresa mantinha escritórios.
- Foi só um susto! Ele gritou
no banheiro, depois que desligou o celular, a garota tinha lhe contato que
tinha descido, estava de “chico”, não poderiam transar naquela noite.
Se sentiu aliviado, mas a
preocupação ainda rondava seus pensamentos. Dessa vez se livrou, mas como seria
da próxima. E se acontecesse o que iria fazer.
Para sua sorte um dos
diretores da empresa foi pessoalmente fiscalizar as obras da nova barragem.
Jorge tinha fama de comedor e um bom cargo na empresa, ele sempre dava um jeito
para fiscalizar as barragens pessoalmente. Enquanto a esposa ficava entretida na
capital, ele podia se divertir com as garotas do interior, por onde ele passava
sempre deixava uma amante.
A empresa tinha alugado uma
casa para os engenheiros. E tinha um quarto vago que servia para alojar outros
pesquisadores e o pessoal da gerencia quando iam olhar as obras. Jorge ficou
nesse quarto.
De manhã foram para o escritório,
e já na entrada ele conheceu a Rafaela e se interessou por ela. Na hora do
almoço, no restaurante perto da praça. Jorge interrogou Francisco a respeito da
garota. Ele queria saber tudo. O rapaz contou que ela era solteira e que pelo o
que sabia estava livre e desimpedida e que era bem “ligeira”.
Ligeira para quem não sabe é
uma expressão para garota fácil e experta.
Começou ali a se formar a
ideia da escapatória de Francisco, seu chefe seria a saída perfeita.
Deixou passar o período da menstruação
e convidou Rafaela para dar uma volta. Foram até um motel afastado da cidade. Depois
que terminaram de transar atacou.
- E aí o que achou do diretor?
Ele disse.
- Saidinho o velho né? Ela disse.
- É um otário, mas tem
dinheiro, sabe que ele casou com a filha do dono da empresa. É por isso que ele
está nesta mamata.
- Parece ser legal.
- Ele ficou bem interessado em
você.
- Ficou?
- Você não notou?
Os dois começaram a rir do
diretor. Mas Rafaela deu os primeiros sinais que Francisco precisava para
continuar com seu plano.
Depois daquela semana o
diretor se mostrou mais presente, pelo menos uma semana no mês ele passava na
pequena cidade. E sempre mostrando muito interesse pela garota. Francisco
combinou que ia ajeitar as coisas para ele. O que não parecia ser um mal negócio
já que poderia continuar transando com ela três semanas no mês, e apenas uma
semana ele a deixaria livre para o chefe.
Rafaela também tinha seus
planos, esperava deixar Francisco tão apaixonado que ele teria que pedir ela em
casamento.
Não a julgue mal, ela não o
amava apenas queria uma saída fácil da pequena cidade, e se casar com um
engenheiro que tinha vindo da capital, parecia ser uma boa ideia. Quem sabe uma
gravidez por “descuido” fosse a solução mais fácil.
Jorge voltou e intimou
Francisco.
- E aí ela vai dar ou não? Ele
disse.
- É só chegar, - o rapaz disse
– ela está bem afim, pode chegar que é certo.
Jorge pediu para Rafaela fazer
uma hora extra naquele dia, depois que todos saíram e que o escritório ficou
apenas para os dois. Ele atacou, direto e certeiro. Terminaram a noite no motel
afastado da cidade, que Rafaela disse que não conhecia.
A partir daquela semana, uma
semana por mês eles passavam as noites naquele motel. Para a alegria do Francisco
que agora podia se divertir com a garota sem se preocupar. O diretor lhe dava
conselhos de como se dar bem no interior e comer as garotas do lugar, o rapaz
escutava tudo demonstrando profundo respeito e sonhando com uma promoção.
Rafaela achou que tudo aquilo
não estava certo, ela precisava pensar no futuro, fez o diretor lhe pagar a
faculdade. O que para ele parecia ser um bom investimento. Enquanto sua esposa
se divertia tranquilamente na capital, e o sogro só lhe enchia de elogios. A vida
estava correndo bem para todos os atores.
Francisco sonhava com o próximo
projeto e a próxima secretaria.
Então veio o dilema, três meses
sem menstruação e uma viagem rápida de férias para o Uruguai. Más o importante é
que a faculdade da Rafaela estava paga até o final. E aquele ano não nasceu
nenhum filho na cidade.
A barragem foi entregue dentro
do prazo, Jorge voltou aliviado para sua esposa e Francisco foi promovido para
chefe do novo empreendimento.
Hoje Rafaela trabalha em um escritório
na capital especializado em processar altos cargos por abuso de poder. E outros
casos de assédio. Mas quando Francisco vai passear na capital sempre encontra o
chefe e a antiga secretaria, e os três jantam juntos em nome do passado e das
boas lembranças.
Röhrig
C.
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