A Mansão Mal Assombrada
Era uma noite de outono,
quando uma fina chuva começou a cair sobre a cidade. As ruas estavam vazias, e
a atmosfera pesada parecia anunciar o início de algo sinistro. No fim de uma
rua deserta, erguia-se a mansão mal-assombrada, envolta em sombras e mistério.
A velha casa tinha uma
aparência desgastada, como se o tempo tivesse deixado sua marca implacável em
suas paredes enegrecidas. O cuidado, outrora exuberante e bem, agora era um
emaranhado de ervas daninhas e espinhos, criando uma barreira natural ao seu
redor.
A história macabra da herança
passada de geração para geração. Contavam que uma bruxa havia vivido todos os
séculos atrás, realizando rituais sombrios e invocando forças além da
compreensão humana. Diziam que, após sua morte, seu espírito atormentado não
encontrou descanso e continuou a vagar pela casa, trazendo consigo uma aura de
terror.
Quando a noite caia, a mansão
ganhava vida de uma forma apavorante. Sons estranhos ecoavam de dentro de suas
paredes, lamentos arrastados como se fossem correntes sendo puxadas. Vultos
esguios e sombrios eram vistos nas janelas, espiando o mundo exterior com olhos
sem brilho.
Uma das histórias mais
arrepiantes era a da estranha luz que perambulava pela casa. Diziam que era
como se uma vela fosse carregada de um cômodo para outro, mas ninguém jamais
teve coragem de investigar a origem dessa misteriosa aparição.
Além disso, sempre à
meia-noite, um gato preto aparecia no portão da mansão, como um guardião
sombrio, esperando a chegada de alguém ou algo desconhecido.
Os garotos da rua conheciam
bem todas essas histórias e evitavam a mansão a todo custo. Era uma espécie de
regra não escrita entre eles: jamais se aproximar daquele lugar amaldiçoado. No
entanto, um novo morador da rua não estava ciente desses avisos.
Pierre era um garoto que havia
se mudado recentemente para a cidade
e
não tinha ouvido falar das lendas sobre a mansão mal-assombrada. Sua
curiosidade o consumia, e ele se perguntava por que todos na rua evitavam
aquele lugar. A história da bruxa e dos eventos sobrenaturais não passou de uma
fantasia assustadora para ele, algo que só existia nas histórias de terror.
Certa tarde, enquanto jogava
futebol com os outros garotos da rua, a bola escapou de seus pés e atravessou o
portão enferrujado da mansão. Pierre não pensou duas vezes e correu em direção
ao jardim em busca da bola perdida. Seus amigos gritavam para ele voltar, mas a
curiosidade era mais forte do que o medo.
Ao entrar no pátio abandonado,
uma sensação estranha o envolveu. O ar estava carregado de uma atmosfera pesada
e fria, e os filhos da noite se intensificaram à medida que se aproximava da
casa. A chuva fina pingava do telhado dilapidado, criando um ambiente ainda
mais sombrio. Era como se de repente a noite tivesse chegado sem aviso. Ele
perdeu a noção do tempo.
A medida que Pierre se
aproximava da entrada, a porta da mansão rangeu, como se convidando-o a entrar.
Uma brisa gelada soprou em seu rosto, e ele sentiu um arrepio percorrendo sua
espinha. No entanto, sua curiosidade o impelia a continuar.
Adentrando a escuridão da
casa, ele foi tomado por um misto de medo e curiosidade. Era como estar em um
cenário de filme de terror. O piso rangia sob seus pés, e sombras dançavam nas
paredes enquanto a luz da lua tentava penetrar pelas janelas empoeiradas.
Pierre estava decidido a
encontrar sua bola e sair rapidamente, mas algo o atraiu para o interior da
mansão. Um corredor estreito e escuro o levava a uma sala iluminada por uma luz
fraca e tremeluzente. Uma vela estava acesa em um castiçal antigo, criando uma
luz misteriosa que havia sido vista de fora.
Seus olhos percorreram a sala,
e ele viu uma antiga mesa de madeira com papéis empoeirados, frascos vazios e
outros objetos estranhos. Em um canto, havia um retrato de uma mulher com um
sorriso enigmático. Pierre sentiu um calafrio ao olhar nos olhos da mulher no
quadro, como se eles vivessem e observassem.
Decidido a sair daquela sala e
da casa assombrada, Pierre se virou para partir, mas algo o paralisou. Uma
bruxa, ou o que parecia ser a figura de uma bruxa, apareceu diante dele. Seus
olhos brilhavam em um verde intenso e assustador, e estendiam a mão esquelética
em sua direção.
O coração de Pierre disparou,
e ele tentou gritar, mas nenhum som saiu de sua boca. A figura da bruxa se
aproximou lentamente, e ele sentiu como se estivesse preso em um pesadelo sem
fim.
No meio à escuridão, os outros
garotos da rua perceberam a ausência de Pierre. Ao perceberem que ele havia
entrado na mansão, correram para buscar ajuda dos adultos. A notícia se seguiu
rapidamente, e uma busca foi organizada para encontrar o garoto desaparecido.
No entanto, apesar dos
esforços, Pierre nunca foi encontrado. Sua mãe, devastada pela perda,
acreditava que a mansão havia levado seu filho por causa de suas histórias assustadoras.
Desde então, a mansão
mal-assombrada se tornou ainda mais temida na cidade. As lendas sobre a bruxa e
as histórias de Pierre desaparecido continuaram a ecoar pelos corredores
sombrios da velha casa. A verdade sobre o destino de Pierre nunca foi revelado,
e seu desaparecimento se tornou um mistério não resolvido.
Os garotos da rua aprenderam
uma lição valiosa com a tragédia de Pierre: algumas histórias de terror são
mais reais do que parecem. E a mansão mal-assombrada, com sua bruxa e seus segredos
sombrios, confirmando como um aviso constante de que a curiosidade pode ser uma
porta para o desconhecido.
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