CRÔNICAS
DE UM DIÁRIO NADA SECRETO
DIA
3 (Jack Kerouac e Dr. Jekyll)
Hoje eu acordei de mau humor. E sou extremamente ranzinza
quando acordo assim, sabe como é, sou capricorniano. Talvez não saiba. Pensando
melhor você não sabe. Eu decido o que você sabe e o que você não sabe. Pronto
falei.
Voltando a história agora que me sinto um pouco melhor. Mas
tudo começou com um “pé na bunda e até segunda”, essa é mais velha do que em “rio
que tem piranha, jacaré nada de costas”. É assim mesmo?
Um homem precisa de duas coisas quando acorda de manhã, um
lugar para mijar e uma xicara de café, um cigarro também é bom. Já são três coisas.
Mas deixa para lá.
Confesso que acordei na hora que deveria acordar, mas decidi
ficar mais cinco minutos, quem nunca ficou mais cinco minutos que atire a
primeira mensagem? Duvido você escrever duas linhas? Vamos lá! A parte dos comentários
está aí embaixo para isso mesmo.
Onde eu estava mesmo, sim estava nos meus cinco minutos. E o
que foi que aconteceu? Você não sabe?
Bah, os cinco minutos se transformaram em três horas. Mas não
é isso que me deixa ranzinza de manhã, o que me incomoda é ter que acordar de
manhã. Sou um animal noturno, o sol da manhã me da ressaca. Toda manhã eu
acordo de ressaca e esse é um dos pilares de motivação do meu estado de humor
nada sociável.
E o que isso tem haver com o título? Nada.
Quando o Jack Kerouac escreveu o
seu famoso romance “Pé na estrada (On The Road)”, ele usou suas próprias experiências
de vida e viagens malucas pelos Estados Unidos para escrever, ele deu voz ao
lado podre do sonho americano. A história conta as viagens de dois jovens Sal
Paradise e Dean Moriaty, que atravessaram o país de ponta a ponta, a partir da
Rota 66. Conhecendo toda a verdadeira América que estava escondida embaixo do
tapete chamado sonho Americano.
O personagem Dean Moriaty era o Neal Cassady e o personagem Sal
Paradise o próprio Jack Kerouac.
Porque estou comparando essa história com a do “Médico e o
Monstro”, simples. O jack alimentou a rebeldia do Neal, dando a ele o status de
super-rebelde. E Neal mergulhou fundo,
tão fundo que acabou morrendo sozinho em uma cidadezinha mexicana. Morrendo de
overdose e seu corpo foi encontrado nos trilhos de um pátio de estação férrea,
numa manhã gelada.
Jack não tinha a coragem de fazer todas as
loucuras que o Neal tinha, ele simplesmente foi alimentando-o. Depois que o usou
em seu romance, simplesmente o abandonou. O que deixou muita gente na época
magoado com o Kerouac.
Da mesma forma Robert Louis Stevenson criou o seu famoso Dr. Jekyll e o Sr. Hyde “Médico e o Monstro”. Na época em
que Stevenson escreveu seu conto, e eu digo, é um conto impressionante não
somente pela história em si, mas pela maneira como o autor a conta, com a riqueza
de detalhes tanto dos personagens como dos cenários da velha e sombria Londres.
Foi na mesma época em que alguns psicanalistas começaram a
tratar casos de pacientes que tinha dupla personalidade. Hoje em dia o termo
que se usa é “Bipolaridade”.
Nesse caso aparentemente Stevenson não usou ninguém, talvez
tenha usado o que na época circulava, como a história de um marceneiro que
durante o dia trabalhava e levava uma vida normal e a noite cometia alguns
delitos. Mas isso é só especulação.
O ponto em que eu quero chegar é, o Monstro todo mundo sabe
quem é, o rebelde todo mundo sabe quem é, mas o perverso mesmo é quem o
alimenta e o esconde.
O bonzinho Dr. Jekyll na verdade é um hipócrita, que se
esconde atrás da mascara de bom sujeito.
Talvez você diga ok e dai o que eu tenho a ver com isso? Nada,
seria a minha resposta para você.
Mas tudo, se você ainda não leu essas duas obras primas da
ficção.
E falando em obra prima você já leu a minha novela “Quando
nasce um romance”?
Röhrig
Escritor
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