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DICA DO DIA

A CUNHADA DA ESPOSA


A CUNHADA DA ESPOSA


Tudo que é absurdo me atrai, mas essa história por mais absurda que possa parecer. Na verdade, não tem nada de absurdo. É apenas a verdade e nada mais. E nada pode ser mais absurdo.
Desci do ônibus cansado, e com uma vontade de fumar um cigarro, imagine três horas e meia dentro de um ônibus sem poder fumar nenhum cigarro. Ainda tendo como campainha sentada ao meu lado, uma velha idiota e seu parente na poltrona da frente. Tive que escutar a conversa dos dois durante toda a miserável viagem. Quando o ônibus parou na rodoviária, eu já era o primeiro na porta esperando para descer.
Atravessei até o outro lado da rodoviária, o lado aonde fica os táxis. Um dos taxistas, o que estava na frente da fila de automóveis estacionados, ficou me olhando. Como se quisesse me pressionar a entrar em seu carro. Estava ansioso em ganhar a corrida, em ter meu dinheiro em sua carteira.  Aquilo despertou uma profunda raiva em mim. Que tirei o maço de cigarro vagarosamente do meu bolso e escolhi a dedo o cigarro que queria fumar. Olhei para a sua impessoalidade e total falta de empatia. Um homem que não reconhece a necessidade de um vício em outro homem é um canalha.  Coloquei o cigarro na boca e procurei no outro bolso o isqueiro. Acendi o cigarro e fumei vagarosamente. Enquanto o motorista observava impaciente.
Tudo era puro fingimento da minha parte, pois eu estava também querendo pegar logo aquele táxi antes que os outros passageiros do ônibus ali chegassem. Nem eu e nem ele, demonstramos nossos sentimentos. Terminei o cigarro e lhe alcancei a mala, que ele prontamente colocou no porta-malas. Assim começou a segunda etapa da viagem.
- Para onde? ele perguntou.
Expliquei o trajeto que gostaria de fazer e seguimos em frente. A cidade continuava exatamente como havia abandonado. Apenas um pouco mais decadente.
Rodamos por alguns minutos e já estávamos do outro lado da cidade. Passamos pela frente da loja de tecidos e ele contou a história. Fiquei surpreso, por ele saber daquela história, sendo ele do outro lado da cidade. Mas é assim que as coisas acontecem nas cidades pequenas.
Ele contava a história omitindo os detalhes, era compreensivo. Se nos apegássemos aos detalhes a viagem iria terminar e a nossa história não teria um fim. Vou contar os detalhes que ele não sabia.  O casal comprou a velha casa e a demoliu, para ali erguer um sobrado, na parte de baixo funcionava a loja e no andar de cima a residência. Muitos anos levaram até deixar o prédio do jeito que está hoje. Uma dupla que lutava dia a dia para construir algo, bem mais solido do que um casamento. Casais precisão de objetivos para se manterem e esse não era diferente.
Os dias passando, o patrimônio aumentando, as horas livres sendo cada vez mais escassas. Luiz em sua condição de homem, trabalhava todos os dias na loja, mas não trabalhava em casa. Fatima em sua condição de mulher, trabalhava todos os dias na loja e em casa. Um casamento tradicional.
Seu irmão Pablo conheceu Melissa, uma garota jovem e bonita. Pablo trazia o sustento para a família, Melissa cuidava da casa.
Nos finais de semana, os dois casais aos domingos almoçavam juntos. Luiz sempre foi contra ao casamento do irmão da esposa, achava aquilo errado. Melissa era dez anos mais nova e tinha um jeito meio que suspeito aos olhos de Luiz.
Fatima já não conseguia dar conta dos dois turnos, loja e casa, sugeriu ao marido contratar uma empregada.
- Você está louca! Empregadas roubam os patrões! Ele disse.
Surgiu então a oportunidade, Pablo já não estava conseguindo sustentar a família. Pediu ajuda a irmã. Que sugeriu a possibilidade de sua esposa trabalhar meio turno em sua casa. Aquilo parecia ser uma ótima ideia. Luiz foi contra.
- Essa história da mulher do seu irmão trabalhar aqui, não vai acabar bem. Ele disse.
Era verão quando ela começou a trabalhar na casa, sempre usando vestidos muito curtos. Melissa trabalhava apenas meio turno para ajudar nas despesas do lar. De manhã cuidava da sua casa e a tarde ia cuidar da casa da cunhada.
Quando penso nessa história consigo até enxergar a cor e o tipo das calcinhas da Melissa. Brancas com tremenda pureza e de renda provocantes como um fetiche pode ser aos olhos de um homem cansado. Mas isso é logico não justificava nada.
Luiz criou o habito da sestear depois que a garota começou a trabalhar em sua casa. Fatima estava feliz com os lucros da loja e a casa arrumada. Logo poderiam trocar de carro e até quem sabe pensar em comprar uma casa na praia. O negocio estava indo bem.
Pablo chegava todos os dias suado e fedorento em casa, não era fácil sua vida no deposito de frutas de um parente. Carregando caixas o dia todo, um verdadeiro burro de carga. Sua esposa começou a reclamar, porque ele não tomava um banho antes de ir para a casa. Ele achava aquilo uma frescura. Queria mais era sair correndo do trabalho para casa e não ficar perdendo tempo tomando banho.
Consumir era o que mantinha o casamento de Fatima e Luiz, contrario era a pobreza do casamento de Melissa e Pablo, talvez existisse amor ali ou comodismo. As estatísticas dizem que homens se separam aos 42 anos e mulheres aos 39 anos, os dois casais não faziam parte das estatísticas.
Você já deve ter entendido que a Melissa fugiu com o Luiz, mas talvez não tenha entendido os reais motivos.  Nem eu posso dizer que entendi, não sou um matemático.
Mas as tardes começaram a ter uma nova cor na vida do Luiz, que a noite esperava as reclamações da esposa que estava sempre cansada e preocupada.
- Como vamos conseguir trocar de carro esse ano? Ela perguntava.
- Mas já não trocamos no ano passado. Ele respondia.
Melissa tinha se tornado um balsamo na vida frustrada de Luiz, pode ser clichê e até mesmo antiquado, mas preciso dizer que ela era um colírio para seus olhos.
Pablo chegava tão cansado em casa que já não tinha tempo para nenhuma forma de carinho. E as horas extras o estavam matando.
Numa tarde Melissa foi mais linda e amável do que qualquer outro dia, e Luiz resolveu arriscar. Um beijo foi tudo que eles trocaram, naquela primeira aproximação. E cada um voltou para sua vida.
Foi o suficiente para verem que se poderia ter outras possibilidades além da miséria ou da riqueza. Existia a sacanagem.
Um amor assim nasceu, sobre o véu da traição. Os amantes continuaram até ultrapassar o limite do que é permitido. Começaram a ter ideias. Cada um a seu jeito tentando preencher suas carências.
Os almoços de domingo não foram mais os mesmos. Luiz defendia a garota com unhas e dentes, Pablo tinha se tornado um perdedor aos seus olhos.
- Seu irmão é muito mole! Ele gritava para a esposa, enquanto o casal não chegava para o almoço.
E Fatima sentiu ciúmes pela primeira vez e quis dispensar a garota, mas Luiz foi taxativo.
- Do que eles vão viver! Ele disse.
Mais alguns meses e estava consumado. Luiz sumiu e quando Fatima foi contar a novidade para o irmão ficou sabendo que Melissa tinha também sumido. Foi a vizinha que sugeriu a ideia juntando os fatos.
- Só podem ter sumido juntos. Ela disse.
Isso tudo o taxista não sabia. E ele contou sua história. Do marido que tinha fugido com a cunhada da mulher. Ele sentia um verdadeiro prazer em contar aquela história apesar de não saber os detalhes e de nem saber os motivos. Muito menos o desfecho.
- Uma canalhice, você não acha? Ele disse.
Queria que a corrida terminasse ali, mas ainda tínhamos um tempo.
- As vezes as coisas acontecem. Eu disse.
Um ano depois, Luiz foi encontrado enforcado em casa, numa pequena cidade em Santa Catarina. dizem que ele não conseguiu manter a vida de sua nova esposa. E num momento de profunda depressão se enforcou, quando descobriu que ela o traia. Melissa hoje vive com um farmacêutico em outra cidade e que apesar de tudo ela continua tentando ser feliz. E tem planos para o futuro.
Fatima continua morando no mesmo sobrado. E Pablo se mudou para a capital.
Peço desculpas pela grosseria, esqueci de me apresentar. Meu nome é Pablo.
                                                              Röhrig C.

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