VESTÍGIOS
UMA PAIXÃO INSANA
“Não é
a pornografia que é obscena, é a fome que é obscena.” - José Saramago
01
Quando olho tudo ao meu redor,
e sei que cada parte de mim e deste todo é você, e vocês. Relembro em detalhes
cada momento como se fosse único. E foram únicos. Fizemos o que tínhamos desejo
de fazer, sem tabus, moral ou culpa. Apenas o prazer pelo prazer. Como a arte
pela arte. A loucura, que contagiou, em nossa intimidade e segurança de nunca
ser revelado. Mas minha mente continua como num loop obsceno voltando e
voltando, rasgando todas as sedas e mostrando o animal que somos, selvagem e
humano.
Marcela me trouxe Shakespeare até minhas mãos, depois tirou a roupa, me
alcançou a tira de couro, e ficou de quatro em cima da cama, fiquei olhando seu
dorso e sua bunda. Comecei a açoita-la pela bunda, subindo até os ombros, e
descendo novamente. A cada estalo da tira tocando seu corpo, a mulher gemia de
prazer e dor, pedindo por mais força, mais força. Suas costas iam ficando
lanhadas, até rasgar a pele e deixar escorrer pequenas gotas de sangue.
A tarde estava quente e o meu
suor, misturava-se com seu sangue.
Com uma das mãos segurei seus
cabelos e puxei para traz com força, enquanto com a outra continuava a açoitar.
Soltei a tira de couro em cima
da cama e a toquei, sua boceta estava encharcada de tesão.
Peguei a tira e passei pelo
seu pescoço, puxando-a para traz. A penetrei sem pena, e com força. Ela gritou
de dor. Continuei a puxando pela tira e soltando, fiquei imóvel, apenas movendo
o corpo da mulher para frente e para traz com violência, domando-a. Senti que
ela estava pronta para começar a gozar, usei de mais violência. Marcela gozou
como um animal no cio, selvagem, sendo dominada e usada. Soltei a tira e ela deixou
seu corpo cair pesado na cama, afundando seu rosto no travesseiro, deitei por
cima dela e senti a reação de seu corpo, como pequenos espasmos de prazer. A mordi
na nuca e a abracei.
Voltou o silêncio no quarto,
fiquei olhando a capa do livro ao lado do travesseiro. Sentindo sua respiração
e seu corpo acalmando-se. Marcela tinha me dado Shakespeare, que mulher incrível,
pensei.
Do outro lado da janela as
crianças brincavam no gramado, correndo de um lado para o outro excitadas com o
calor do verão, podia ver seus vultos passando, como se corressem ao lado da
janela, provocando uma breve barreira da luz do sol, não deixando-a passar pelos
pequenos buracos entre as lâminas de plástico da veneziana.
Röhrig C.
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