15 capítulo - novela - negociante de almas - Röhrig C. - lançamento 2015 - livro
15
Camila tinha uma casa
afastada da cidade. A casa ficava no meio de um bosque. Fui de carro até a
casa, guiando por uma estrada estreita de terra. Nunca entendi porque eles
moravam ali. Afastados da cidade e cercados por árvores. Parecia até um
esconderijo. Mas depois que você passava o bosque, aparecia um lindo gramado.
Uma área aberta e a casa ao fundo. Estacionei o carro na entrada. Toquei a
campainha. Eram sete da noite quando Camila abriu a porta. Camila com seus
vinte e poucos anos, cabelo ruivo, longo, sensual e carismática. Uma garota da
capital, livre e alegre, sem muito formalismo. Muito diferente do pessoal da
cidade. Tinha uma energia em seu olhar, pura vitalidade. Ela era especial. Tudo
nela era perfeito, o velho Anderson tinha acertado na escolha. E ela na nova
cor do cabelo. Lá estava eu a sua porta. Agora que o meu velho amigo estava
morto podia olhar pra ela e pensar em muitas coisas. Entrei atrás dela.
- Encontrou fácil o
caminho? – perguntou Camila.
- sim. Eu já estive aqui.
Lembra? Acho que foi no inverno passado. Fizemos uma pescaria no açude.
Sentei junto a mesa de
jantar na sala enquanto Camila abria uma garrafa de vinho tinto seco.
- Como você esta? – eu disse - No final aquele
dia não foi possível conversarmos.
- Estou melhor agora. Mas
foi muito difícil no inicio.
- Imagino. Ele sempre
falava do amor que tinham.
- Não foi por causa do
amor. É que são muitos compromissos.
- Que compromissos?
Ela encheu novamente
nossos copos.
- Vamos esperar mais um
pouco. Daqui a pouco vai chegar alguém que pode explicar melhor.
- Ângelus?
- Outra pessoa.
- Esta até parecendo uma
historia de ficção. Só ainda não entendi se é policial ou de mistério.
- Essa pessoa que estamos
aguardando vai lhe explicar. Peço-lhe apenas que tenha um pouco mais de
paciência.
- Mais!
- Seja razoável.
- Eu estou sendo, apenas
não consigo entender.
- Você vai entender tudo.
Esta pessoa é da mais alta confiança. Não tem com o que se preocupar. Daqui a
pouco ela deve chegar. Na verdade já deveria ter chegado.
- Combinou muito com seu
rosto.
- O que?
- A cor do cabelo. Perfeito!
- Obrigada, quis mudar o
visual.
- Visual novo, vida nova.
- Sim. Fico feliz que
tenha gostado.
Ela mal terminou a frase.
Escutamos o barulho de um carro se aproximando e estacionando na frente da
casa. Camila foi abrir a porta. Antes de chegar à porta a campainha tocou. Ela
abriu a porta. Fui pego de surpresa não imaginava que seria aquela pessoa. Ele
entrou na sala, e eu falei de forma automática e surpresa.
- Você!?
- Posso lhe explicar....
– Ele disse.
- O que esta acontecendo
aqui? Perguntei nervoso.
Camila interviu.
- Ele não podia lhe
falar. Tinha prometido manter segredo.
- Quem mais está
envolvido?
- Pedro. Vamos conversar.
– Bernardo disse.
- O que vocês estão
escondendo?
Foi à vez de Bernardo
falar:
- De onde você acha que
veio todo este dinheiro. Lembra que lhe falei a respeito do passado do
Anderson.
- Sim, mas o que isto tem
a ver. Com todas estas pessoas.
- Pare! Você tem que me
escutar. Deixa-me falar.
- Ok, prossiga.
Camila se sentou na outra
extremidade da mesa. Bebendo seu vinho. Enquanto Bernardo se sentou ao meu lado
e pegou uma taça para ele e tomou um gole. Enquanto Camila nos observava.
- Ótimo vinho Camila! –
ele disse.
Camila levantou e serviu
mais vinho para mim. Realmente um ótimo vinho. Ela estava deslumbrante. Era uma sensação boa estar perto dela.
Lembrei-me que agora ela estava livre e desimpedida. Senti certo clima no ar
quando ela me olhava. Talvez até tenha sido bom pra mim. Estar metido naquela
historia, que o velho Anderson descanse em paz. A paz fazia parte do lema da
funerária do Bernardo. Só queria saber se era recíproco o meu sentimento. Se
ela também sentia que existia uma química.
- Camila – disse ele -, o que você já contou?
- Nada, Bernardo.
- Estávamos esperando
você chegar para começar a desenrolar a historia. – disse eu.
- Ótimo! Então vou lhe
contar Pedro. Mas primeiro tens que jurar que não vai contar nada pra ninguém.
- Pode confiar amigo –
disse eu -, não se preocupe.
- É muito serio, entende.
- Já falei. Pode confiar.
- Depois que você souber,
não vai poder mais sair. Entende.
- Do que se trata?
- Quer saber mesmo? Se eu
lhe contar vai ter que fazer parte. Não poderá sair mais.
- Tudo bem. Eu topo.
Camila foi à cozinha
pegar outra garrafa de vinho. Enquanto Bernardo começou a falar do que se
tratava.
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