O início do verão sempre
parece ser mais quente do que é na verdade. Dias abafados e quentes, um mormaço
que chega sem avisar. A cidade parece um forno. Mas é apenas uma ilusão, ainda
não estamos acostumados ao calor da nova estação. Todo ano é a mesma coisa,
nossos corpos acostumados ao inverno e o frio. Leva um tempo até se acostumar à
nova temperatura.
Tinha uma garota nova
trabalhando no boteco do meio da quadra perto de uma sapataria a seis quadras
da pensão onde eu morava. Quando a vi varrendo a calçada usando uma saia
florida quase transparente dava pra ver a calcinha atolada em sua bunda. Aquilo
me fez escolher um novo trajeto para minhas caminhadas até o centro, eu sempre
ia pela rua de trás, mas aquele dia eu estava sem cigarros e resolvi ir ao bar
para comprar uma carteira. Fiquei olhando ela se agachar para recolher o lixo
com uma pequena pá de lixo. Com uma das mãos ela segurava a pá e com a outra a
vassoura, ia empurrando o lixo com a vassoura para dentro da pá. Fiquei olhando
ela agachada com os joelhos dobrados, suas cochas ficavam mais grossas, a saia
subia um pouco e podia ver sua calcinha atolada. Fiquei com muito tesão pela
cena e o calor, ela se virou para o meu lado e sorriu. Um lindo sorriso ingênuo.
O bar estava vazio às três
horas da tarde, o pessoal sempre chega mais no final do dia para tomar um trago
e ficar cuidando do movimento que passa na rua. Entrei e me encostei-me ao
balcão esperando ela entrar. Ela entrou e foi largando a pá e a vassoura
encostada na parede e perguntou:
- Posso lhe ajudar?
- Sim, eu quero quatro
carteiras de cigarro e uma cerveja.
- Qual marca de cigarro?
- Pode ser “Derby azul”, e a
cerveja a que você tiver mais gelada!
Não conseguia para de olhar
para ela, fiquei analisando cada movimento, cada gesto, a maneira como seu
corpo se mexia por debaixo daquele vestido, sua boca, o cabelo. Ela se virava
para pegar os cigarros no mostruário atrás e eu podia ver sua cintura, seus
braços se esticando para pegar as carteiras, sua mão arrumando os cabelos
loiros e compridos, o formato dos seus seios, a alça do sutiã que aparecia.
Fiquei encostado no balcão.
- Você pode se sentar-se à
mesa eu já levo a cerveja. Ela disse.
- Está bom aqui! Não se
preocupe. Qual seu nome?
- Monica e o seu?
- Jeux. Que dia quente hoje
né? Tentei puxar assunto, mas ela não escutou estava prestando atenção na
temperatura das cervejas. Monica ia tirando todas as garrafas da primeira
camada, e se debruçava procurando as garrafas que estavam no fundo do freezer.
Ela quase entrava dentro. Fiquei apaixonado por sua bunda, enquanto ela enfiava
a parte de cima de seu corpo dentro do freezer. Deu uma vontade de me aproximar
levantar seu vestido, baixar aquelas calcinhas e começar a comer ela por trás.
Acabei ficando de pau duro, olhando aquela visão.
- Achei! Ela deu um gritinho
e levantou-se com uma garrafa de cerveja bem gelada. Estava feliz, ela tinha
achado a cerveja mais gelada. – Esta deve estar no ponto! Ela falou e abriu.
- Perfeito vamos beber!
Respondi.
Enquanto ela servia um copo,
fiquei imaginando um monte de sacanagens que poderíamos estar fazendo naquela
tarde quente. Não entendo as pessoas que passam a vida toda inventado coisas
importantes para fazer quando o mais importante é fazer uma boa sacanagem e
depois dormir satisfeito.
- Você não vai tomar um gole
comigo Monica?
- Não posso, se o dono me vê
bebendo ele me bota na rua.
- Mas ta muito quente! Só um
golinho não vai fazer mal.
Alcancei o copo para a
garota e ela tomou um gole sem muito jeito, parecia com muito medo do dono a
pegar bebendo com um freguês. Então não insisti mais e fiquei tomando minha
cerveja e ela voltou para sua limpeza.
Depois daquele dia comecei a
passar todos os dias pela frente do bar, é o caminho mais curto para ir ao
centro eu ficava me justificando. E lá esta a garota encostada na porta se
abanando com um jornal, parece que vai derreter. Eu passo pela calçada e fico
olhando pra ela. Comprimento e prometo que volto mais tarde. Ela me devolve o cumprimento
com um sorriso amigável. Todo dia até mesmo quando eu não preciso ir ao centro,
apenas faço a volta na quadra para ter uma desculpa para dar uma olhada e a
cumprimentar.
Depois de um tempo aconteceu
algo realmente inesperado.
Uma tarde quando já estava
quase dobrando a esquina escuto um grito – Ei! Espere só um pouco! Viro-me para
trás e vejo a garota correndo na minha direção, fico parado.
- Ufa! Pensei que não ia lhe
alcançar. Ela falou ofegante.
- O que foi?
- Eu não queria lhe
incomodar, mas você pode me ajudar?
- Claro o que aconteceu?
Perguntei olhando para ela. Monica parecia toda suada, secou o suor da testa
com a mão e depois passou as mãos na camiseta.
- O dono do bar viajou e
estou sozinha.
- Sim!
- Hoje de manhã quando
acordei fui acender a luz e queimou a lâmpada e meu quarto é muito escuro.
- Não sabia que você morava
no bar.
- Eu moro num quartinho nos
fundo, é que os alugueis estão muito caro e o dono me ofereceu o espaço. Na
verdade é tipo uma dispensa, mas por enquanto é o que eu posso ter.
- Você quer que eu troque a
lâmpada pra você?
- sim, ela fica muito alta e
eu não alcanço. Você pode me fazer este favor, se não for incomodo.
- Claro, vamos lá.
Voltamos para o bar
caminhando e conversando sobre a temperatura, e como era ruim o início do
verão. As pessoas sempre ficam reclamando na verdade ninguém esta satisfeito
com nada. Quando não é o calor é o frio. E depois nunca se tem assuntos muito
interessantes, quando não se tem o que se falar, se fala do tempo.
Quem disse que as loiras não
sofrem. A gente sempre acredita que basta a mulher ser loira para se dar bem na
vida. Eu pelo menos sempre tive este fetiche. Pode ser porque transei mais com
morenas do que com loiras. Sempre me pareceram inacessíveis as loiras. Bastava
ser loira para eu achar que era gostosa. E claro tinha as exóticas, mas nunca
feias. E eu estava ali pronto para ajudar aquela loirinha em apuros. E ela parecia ser real e simples como qualquer
outra.
Fomos entrando pelo bar e
indo para os fundos, passando pela porta do banheiro e seguindo por um corredor
estreito. O corredor tinha um cheiro de urina choca chegava a arder o nariz, eu
já tinha usado o banheiro, mas sempre bêbado e não tinha reparado no fedor do
lugar. Ela parecia não se importar com o fedor já deveria estar acostumada.
- Porque você não me falou
quando passei na porta do bar?
- Fiquei sem jeito, não
sabia o que você iria pensar.
- Eu nunca penso nada.
- Fiquei com vergonha de
pedir para você entrar no meu quarto, sabe como é.
- Você não é daqui né?!
- Eu morava em Canguçu, mas
lá não tem serviço então estou tentado aqui.
- E o que esta achando de
Pelotas?
- Me parece ser uma cidade
boa de morar, o pessoal é meio estranho, mas eu gosto.
- O pessoal é bem estranho
mesmo! Respondi.
Continuamos andando pelo
corredor até chegar numa porta muito alta e estreita, estas casas antigas
deveriam abrigar gigantes, não sei por que faziam portas tão altas. Ou vai ver
os antigos tinham uma alta estima muito baixa e deviam se achar maiores se as
portas fossem altas. A porta estava meio aberta e dava para ver o quartinho da
loira. Era bem apertadinho, parecendo mais um ninho do que propriamente um
quarto. Cheio de tralhas de todo o tipo. Aquilo parecia um deposito para o meu
amor.
Monica tinha um único defeito, ela comia muita
cebola e isto fazia com que exalasse um cheiro acebolado por seus poros. Para
mim parecia bom. Sempre gostei da comida bem temperada.
Tudo se resume ao amor, e
como é bom amar. Ela sempre foi generosa comigo me deixando comprar fiado no
bar. E agora estava podendo retribuir a sua generosidade.
Enquanto entravamos meio de
lado, meio espremidos, fazendo um enorme sacrifício como se estivéssemos
entrando em uma caverna. Derrubando alguns objetos e batendo nossas cabeças em
outros.
Uma passagem extremamente estreita.
Lembrei-me de um lema de antigos exploradores “Quanto pior! Melhor!”. Como
gostaria que algumas coisas nesta vida fossem assim, deliciosamente estreitas e
apertadas. Aconchegante, quente e úmida. Só de pensar comecei transpirar.
- deve ser difícil dormir
aqui com todo este calor? Perguntei.
- A noite entra um ar pela
janela e eu deixo a porta aberta, sempre circula um arzinho e ajuda a
refrescar. Mas o problema são os mosquitos, tenho que sempre tomar banhos de
repelente para eles não me devorarem.
- E você consegue dormir?
- Já me acostumei, no início
foi difícil.
- Eu não sei se iria me
acostumar, não suporto o barulho dos mosquitos.
- Sim, mas com o repelente
eles não chegam perto.
- Ainda bem!
Continuamos entrando
enquanto a garota ia se desculpando pela bagunça. A entrada estava meio
bloqueada, tinha umas caixas de papelão atrás da porta. Tivemos que entrar pela
pequena brecha, entrar de lado praticamente jogando o corpo para dentro da
pequena peça que servia de quarto e deposito. Proclamei uma sentença “Nitimur
in vetitum”, buscamos o proibido minha cara senhorita, buscamos sempre o
proibido. Ela riu da maneira solene que falei palavras tão formais. Quando na
verdade ela sabia exatamente os meus motivos para estar entrando em sua
privacidade.
Ela não entendia uma palavra
se quer em latim, ria pelo que imaginava, não pelo o que havia falado. Uma
verdade filosófica que me fazia ruminar os pensamentos. Mas sempre preferi
mostrar minhas qualidades mais importantes a as frivolidades intelectuais. Não
era hora para o mármore e as prateleiras das bibliotecas, estávamos ali para
falar do básico e necessário. Apesar do que o ser humano nunca quer ver alem da
esquina, somos animais de carne e desejo e tudo que fazemos é com este
propósito. Tudo gira em torno e por causa de nossas narinas dilatadas e
sacanas.
Monica tinha as qualidades
de uma boa fêmea que esta no cio. Dava pra sentir aflorar e se espalhar pelo ar
seu perfume vaginal. Nada como um dia quente e varias horas intermináveis de
trabalhos braçais. Suada e dengosa cheia de amor que a lubrificava deixando
aquela gominha molhada em sua calcinha.
Se você a encontrasse na rua
não poderia imaginar como é o lugar onde ela vive. Não em Pelotas, aqui as
pessoas gostam de se vestir dois números sociais acima de suas reais condições.
Para um bom observador é fácil ver quem não é. Sua pele tão pálida remete meus
pensamentos a um lugar bucólico e campestre, uma mulher que a luz da lua cai
tão bem. Não deixava de ser uma experiência poética.
O quarto tinha apenas um
beliche maltratado por tantas idas e vindas. Não sei se já era dela a cama, mas
com certeza o proprietário ou o antigo proprietário gostava muito de se mudar,
talvez tenha sido comprada em algum brick ou já fazia parte do mobiliário do
quarto.
Um guarda-roupa de duas
portas forrado com recortes de revistas femininas, onde atores masculinos
desfilavam seus músculos e rostos jovens e felizes, posando de forma a
proporcionar momentos de fetiches e sonhos femininos. Ela deveria sonhar muitas
noites naquele quarto de olhos abertos e deslizando sua mão para dentro da
calcinha e se acariciando enquanto olhava as fotos. Tocando seu sexo de maneira
perfeita e protegida.
- Você gosta de novela? – perguntei
a ela apontando para as fotos – tem muitos atores aqui!
- É a única coisa que tenho
pra fazer. Monica respondeu. – Você gosta?
- Do que?
- De novelas! Ela respondeu.
- Não tenho televisão no meu
quarto, assisto muito pouco. Apenas a programação que passa nos bares e é
sempre esporte, mas não gosto.
- De novela?
- Não, de esporte.
Existe uma sensualidade
latente em locais assim, pequenos segredinhos. Este ar de pobreza e
marginalidade, submissão e fantasia. Muitos homens sensatos e de certo nível
social e econômico, já se perderam nestes locais proibidos. Com suas
empregadas, cozinheiras, faxineiras, atendentes de bar... e eu estava ali
pronto e desejando me perder.
Uma cordinha de náilon muito
bem arquitetada, quase toma todo o segundo plano da peça. Dando um charme de
cortiço que eu tanto me delicio em minhas aventuras. Chego a babar pelo canto
da boca um filete de saliva, pareço um cão febril. Esta fome comum. Quando
penso que chegamos ao verão e que tudo é tão previsível, não me iludo com todo
este cenário. Nem tento fingir compaixão, sou um homem mediano com desejos
medianos.
- Legal seu quarto! Disse
olhando para suas calcinhas.
- Você gosta mesmo?
- Claro! É muito
aconchegante. Disse sorrindo amavelmente para ela.
Monica começou a tentar
recolher algumas calcinhas e organizar um pouco sua bagunça, meio constrangida,
por eu estar vendo sua intimidade exposta.
- Hoje eu não tive tempo de
arrumar. Ela se justificava enquanto ia tirando a roupa do varal.
- Não se preocupe eu
entendo.
As calcinhas, feito bandeirolas
expressam uma sensualidade grotesca e absurda. O quartinho com um charme de
carnaval em Veneza com pequenos pedaços de tecidos de varias cores e modelos
que servem para encobrir as partes mais saborosas. Existe algo de interessante
em alguns modelos, outros apenas um tédio efêmero. Numa tentativa de disfarçar
as regras do jogo, num acaso de cenas angelicais. Calcinhas recatadas de uma
virgem se misturam com as calcinhas de uma devoradora, é um banquete aos
sentidos mais pervertidos. Mas os anjos estão sempre dormindo nestas horas, e
os anjos não entendem nada de sexo. Ela tem aquele pequeno sorriso molhado no
meio das pernas.
- Eu já volto, só um minuto.
Ela falou e foi até a frente do bar.
Fiquei esperando ela e
contemplando o cenário e pensando - Neste quarto do prazer lascivo que apetece
os meus profundos instintos animais, penetrando uma caverna primitiva, o cheiro
do ar estagnado e abafado, mofo, roupas intimas úmida e mal lavada. É um
banquete no melhor sentido da palavra, sem abstrações. Apenas a carne e o
prazer da carne e seus odores.
Posso ser vulgar, mas tenho
um bom apetite, e não costumo deixar comida esfriando no prato. Tem que se
comer na temperatura certa para se saborear melhor. Você também tem que
respeitar o costume do lugar. Quando voltou trazia uma garrafa de cerveja e
dois copos.
- Esta quente né? Disse me
alcançando um dos copos e servindo de cerveja.
Aceitei e esvaziei o copo de
um gole só. – Muito quente! Mas a cerveja esta no ponto, você pode me dar mais
um pouco?
Ela voltou a encher meu copo
e eu esvaziei novamente.
Do lado da cama abaixo da
janela, ela guarda um engradado de refrigerante antigo, fazia tempo que não via
um destes de madeira hoje é tudo de plástico. Eles vinham com garrafas de vidro
e como era bom o gosto. Diferente destas garrafas plásticas.
O engradado servia de mesa
para um velho aparelho de TV P&B, ao lado um cinzeiro cheio de baganas de
cigarros manchadas de batom vermelho. Conhece-se a classe de uma mulher pelo
tipo de batom que usa, tem que combinar com a pele e suas intenções. Às vezes
uma cor errada pode levar a deduções erradas, a única maneira de uma combinação
errada dar certo é quando ela se encaixa ao ambiente onde está. O erro se torna
perfeição, não posso imaginar outra cor para sua boca que não seja o vermelho
da um ar safado e pobre. Fiquei imaginando ela com aquele batom me pagando um
boquete.
Mas Monica demonstrava ser
religiosa também. Do lado do televisor uma santinha de papel, o que prova uma
tese a respeito da fé. Em qualquer lugar e situação, nas piores ou melhores
condições. O ser humano sempre carrega suas crenças. Pela quantidade de cera
derretida em frente da santa, da pra ver que ela ainda tem esperanças.
Este fardo que carregamos
com tamanho prazer de culpa, nossa superioridade primitiva. Maneira arrogante
de sermos o umbigo do universo.
Seus olhos me seguiam como
holofotes no meio da noite, ela observava a tudo que eu observava. Sempre na
defensiva de braços cruzados, tentando tapar os minúsculos seios de bicos
tenros e rosados que eu imaginava. Mantendo um ar sóbrio misturado a excitação
do momento. O medo de ser descoberta era
o único sentido de seu pudor. Mas ela tinha trazido a cerveja e isto já era um
bom sinal.
O que a excitava cada vez
mais, nossa cumplicidade e entrega ao momento. Este jogo que sabemos como acaba
antes mesmo de começar. Mas quando esfria o gozo é hora de ir embora. Quando entrei no quarto já sabia o que
procurava mesmo ela estando insegura. Eu tinha certeza que ela queria fazer um
sexo bem gostoso, apenas estava esperando o melhor momento.
Típico medo feminino de não
ser correspondida, se ela me conhecesse melhor. Nunca teria ficado com receio,
sou um lorde que não sabe dizer não a uma dama. Aprendi a jogar refletindo as
palavras no espelho, sou exatamente o reflexo de sua vontade, me moldo sempre
aos desejos alheios. Tenho vocação para bom amante. – continuava pensando
enquanto a despia em minha imaginação.
- é alto você viu? – ela
disse – eu tinha razão.
- Com certeza, estas casas
velhas o forro é sempre alto, mas posso dar um jeito. Respondi.
Tive que usar o engradado
para alcançar a lâmpada. Estas casas antigas e seus tetos altos de madeira
corroídos por cupins. Lembrava a casa das minhas tias no interior,
provavelmente deveria morar uma raposa naquele teto, elas adoram. Mas em
Pelotas não temos raposas apenas agiotas.
Tudo parecia um jogo de
cartas marcadas, velho chavão eu sei. No intimo sabíamos o que procurávamos com
olhares e gestos, as palavras são o que menos importa nestas horas em que a
temperatura dos corpos se assemelha ao nascimento de uma nova estrela. Por pura
ética mantínhamos a calma e calávamos o desejo, enquanto nossos corpos gritavam
desesperadamente. – sexo! Orgia! Insanidade! Paixão! Canibalismo!
- Pega minha mão. Eu pedi a
ela.
- Vê se não cai e se
machuca! Monica falou sorrindo e apertou minha mão, pude sentir que estava
suada e macia.
Bom sinal – pensei. Estava
nervosa, e normalmente pessoas que estão nervosas é porque estão excitadas por
algum motivo ou situação. Tudo feito com segundas, terceiras e quartas
intenções. Sem conseguir prestar atenção ao bocal da lâmpada, tirei a queimada
e atarraxei de qualquer jeito a outra
lâmpada.
O tempo que levei poderia
atarraxar umas vinte lâmpadas, mas estava embriagado pela cena. A cama, a
mulher o varal. Seu corpo e o meu corpo suando dentro daquele quarto abafado.
Nosso segredo, nosso segredinho.
Existe uma hora na vida que
estamos completamente presos a fatalidade da embriagues sexual, e nada mais
importa. Não conseguimos nos livrar, não conseguimos evitar, não conseguimos
falar, simplesmente não conseguimos. Nem
o simples ato de olhar sem revelar nossas intenções.
- Está pronto! Falei e desci
do engradado.
Igual ao toro na arena, que
cai sobre o próprio sangue enquanto o publico delira extasiado. Sobre o nosso
sangue, sobre a nossa morte naquele palco árido com todos os olhares voltados
para o grande espetáculo. A vida se faz presente nestas horas, o horror, o
delírio. Antigas festas e rituais aos deuses da fertilidade, profana orgia a celebrar
a fecundidade da terra. Esta energia transformada em eletricidade que corre
solta, o som pesado da queda do animal abatido, a poeira erguida no ar e o
olhar vítreo. – meu membro cada vez maior e saliente, ela podia ver que eu
estava excitado, mas continuamos o joguinho.
Nestas horas nascem as
feridas que carregamos pelo resto de nossas vidas, aquela sensação de
arrependimento, aquele instante, onde tudo é definido e onde não sabemos nada.
E queremos tudo! O orgasmo é apenas uma conseqüência do infinito. Morremos
felizes e ressuscitamos receosos, satisfeitos, gelados.
Desci como um herói do
engradado, vitorioso com os louros da tolice humana. Consegui trocar a lâmpada
e nem cai, pensamento idiota este, mas legitimo.
Penso na vitoria como algo
humano e tolo, carregamos nossa gloria e estamos emplumados de ego e vaidade. O
calor tinha aumentado minha excitação. Toda a situação tinha aumentado o meu
tesão.
Os fatos, o fato de estarmos
sozinhos, o fato de ela ficar me olhando, o fato de olhar sua roupa intima, de
estar em sua intimidade. A porta do quarto fechada, tudo conspirava, tudo era
tesão. E tínhamos tomado uma cerveja juntos.
Lençóis ainda impregnados
com o cheiro de sua carne e que talvez naquela solitária noite anterior, como
em muitas outras. A porta fechada, sozinha se tocando. Olhando as fotos de seus
amantes imaginários e gemendo igual a uma cadela no cio. Até onde iriam seus
sonhos e delírios? Até onde iriam os meus? Tinha que arriscar, eu tinha a
vantagem de não ter nada, eu não tinha nada.
- Você quer outra cerveja?
Ela perguntou.
- Se não for incomodo. Eu
aceito.
- Não é incomodo nenhum, é o
mínimo que eu posso lhe oferecer. Muito obrigada!
E saiu do quarto novamente,
indo buscar outra cerveja, me sentei em sua cama e fiquei alisando o lençol com
minha mão imaginando até onde iríamos. Ela voltou e eu arrisquei uma
aproximação, caricias. Acariciei seu rosto com minha mão. toquei seus lábios,
brinquei com seu lábio inferior, deslizando o indicador, que ela sugou todinho
para dentro de sua boca úmida. Apertando entre seus lábios e tocando com a
ponta da língua. Fazendo todas aquelas brincadeiras que uma mulher sabe fazer
com a língua. Pude sentir a eletricidade correr pelo corpo. Uma fisgada, eu
estava voluntariamente sendo fisgado. Não foi preciso mais nenhuma palavra, ela
largou a garrafa no engradado e continuamos....
Segurei-a mais forte e
comecei a tocá-la. Por um instante ela reagiu na defensiva, mas cedeu. Ficamos
nos lambendo e beijando, acariciando um o corpo do outro, o tesão apenas aumentando.
Deslizei minha mão para
dentro do seu jeans, sentindo seu calor na ponta dos meus dedos, acariciando
seus pelos pubianos, sentindo o calor e a umidade. Escorregando até a vulva,
sentindo todo seu sexo, em movimentos delicados e suaves, separando seus lábios
e indo mais alem, alcançando seu clitóris.
Monica devolvia minhas
caricias, acariciando meu sexo por cima da roupa, que a cada toque foi ficando
mais duro e volumoso, ela continuava alisando por cima da roupa e depois foi
abrindo o feche de minhas calças e colocando para fora. Ao lado da cama de pé
nos masturbando e tendo todas aquelas sensações mágicas. Provocando nossos
sentidos e fantasias. Com a respiração cada vez mais ofegante, numa mistura de
gemidos, suspiros e pequenas frases safadas.
Misturando tudo ao ritmo que
crescia, experimentando durante aquele tempo que ficamos entregues ao prazer,
apenas duas horas. Que não preciso descrever aqui, você pode imaginar. Foi
muito bom poder sentir ela e brincar com toda a safadeza que despertou. Adoro
mulheres livres e sem regras, sinto tédio com as bem comportadas. Carne sem
sal.
Enquanto tirávamos a roupa
com dificuldades e jogávamos pelo chão do quarto. Esbarrei varias vezes com
minha cara em suas calcinhas molhadas, até arrancar do varal, com os dentes, as
que ela não tinha recolhido.
Sua buceta tem um adorável
cheiro de cebola mais forte que o das outras partes de seu corpo. Um gosto
adstringente, forte. Lambi aquela xota gostosa e quente. Pareciam dois bifes
suculentos e acebolados.
Ela tinha a mania de gemer
feito uma gata chorando, e suas unhas rasgando minha pele, o calor do sangue
escorrendo por minhas costas e ela olhando com miúdos olhos de prazer.
Depois de gozarmos algumas
vezes, o calor ficou insuportável e o cheiro forte infestou o quarto, aquele
cheiro de xota misturada a porra e suor. A porra gelada em sua barriga me fez
voltar a realidade. Saímos do quarto pingando a suor. Conseguimos ainda ficar
uns dez minutos nos curtindo abraçadinhos com ternuras e palavras de amor no
corredor, mas o cheiro da urina do banheiro. Eu sei que é sempre importante
esta coisa do amor depois da foda, mesmo tendo que fazer o sacrifício de
encostar-se à própria porra gelada. Mas o fedor do mijo choco, me impulsionou
para o bar. Tenho uma facilidade para falar de amor nestas horas que chego a
ser convincente, mas desta vez tivemos que deixar para outro momento.
Ainda fui um bom cara de
pau, de dizer palavras doces com hálito de cebola. Freqüentava o boteco porque
gostava dela, confessei. Já fazia algum tempo que estava com tesão e louco para
fazer amor com ela. Foi outra meia verdade, na verdade era o calor que me
botava naquela situação e poderia ser qualquer outra mulher. Mas continuei
sendo gentil e ela me beijou na testa com carinho.
Voltamos para frente do bar,
estava radiante, linda, tinha sido bem comida. Ficou toda vaidosa e me serviu o
resto da tarde cerveja de graça. E a cada copo que eu bebia, parecia melhor do
que o anterior. Se soubesse já teria trocado sua lâmpada antes. No final sai
torto do boteco indo em direção da pensão, tropeçando pelo calçamento irregular.
Mas não sai antes de lhe desejar uma boa tarde e beijar suas mãos de fada.
Amo Pelotas depois de uma
foda e algumas cervejas de graça, quando se está completamente bêbado e aliviado
até a merda dos cachorros é bonita e perfumada. Aquelas toneladas de coco
espalhadas pelas calçadas e ruas, nos remetem a uma paisagem bucólica, com
aromas campestres. As ruas ficam mais largas e o caminho mais curto e macio.
Eu tava fedendo que nem
cachorro que se lambuza em carniça, e muito feliz. Para minha sorte a pensão
era perto e não precisei pegar nenhum ônibus. Para a sorte dos outros
passageiros. Mas isto já é outra historia, não é mesmo? Adoro cebola com
cerveja. E você já parou para olhar a mulher do boteco do seu bairro, pode ser
que valha a pena experimentar! Lâmpadas queimam.
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